sábado, 22 de outubro de 2016

Análise [15] - Harmonia - Dentre as cores, a mais vibrante!

QUERO ANIME DISSO, JÁ!

É gente, vocês acharam que eu morri, mas não! Só demorei tempo demais para... ter tempo. Heheh.

Bom, se vocês já acompanharam o Facebook da Zero Force nas últimas semanas, sabem que eu adorei muito o jogo, tanto por meio de nossas postagens quanto pelas nossas streams dos primeiros capítulos do jogo. Mas, achei extremamente válido voltar o blog das cinzas para registrar minhas impressões sobre o título, tanto em nome da minha honra de leitor ávido de VNs como também uma homenagem para a Key e sua postura exemplar de lançar um jogo novo em Inglês antes do Japonês!

Então, sem mais delongas, vamos começar!

História e Rotas


O protagonista é bem misterioso. Ele simplesmente acorda do nada numa fábrica abandonada de robôs, ou melhor, de phiróides, termo próprio que o jogo usa para denominar robôs com aparência humana e que consegue replicar até os mesmos sentimentos dos humanos. Tudo que ele sabe é que ele tem uma mão mecânica e que o mundo está em um cenário pós-apocalíptico quase deserto devido à falta de recursos naturais como água e alimentos.

Ao tentar compreender mais do que aconteceu no mundo enquanto ele estava inconsciente, ele acaba por encontrar Shiona, uma bela (freira?) menina que o resgata e dá abrigo para ele numa das poucas vilas que ainda possuem comércio e uma modesta população. Lá, Shiona o apresenta a algumas pessoas do local e explica que as coisas estão pacatas no momento, e o protagonista, dali em diante denominado de Rei, tenta ser útil para aquelas pessoas de alguma forma.

No meio tempo, Rei acaba lembrando de sentimentos que não expressara antes devido ao seu longo tempo fora da realidade. Até sentimentos simples como alegria, tristeza e raiva, aos poucos, são desenvolvidos por Rei, que compreende mais e mais sobre como os habitantes da vila se comportam e como melhor ajudá-los.

A partir de então, a história fica "meio morna" até mais ou menos o capítulo 6 (de um total de 8). Esse tempo, claro, não é gasto em vão já que desenvolve os personagens e o universo da obra ao leitor, então se você gosta de conhecer e abraçar novos universos, vai ser um prato cheio, ainda que o jogo tenha apenas 8 horas de duração mais ou menos. Compensa aguentar até o final? Claro que sim! Só não se force a isso, não obrigo ninguém a fazer nada aqui!

Traços, Trilha Sonora e Animação

Os traços são já familiares para quem já jogou outros jogos da Key, já que são feitos pela Itaru Hinoue, mesma responsável pelo design dos personagens de Clannad, Air, Kanon, Little Busters (Komari e Kurugaya) e Rewrite. Uma pena ser o último jogo que ela vai trabalhar pela Key...


Dito isso, o traço dela é bem característico: grandes olhos, boca pequena, expressões bem vívidas, queixão (hu3) e algumas poses que desafiam a biologia anatômica humana aqui e ali. O visual é bem polido, muito bem trabalhado e acabado, incluindo alguns efeitos interessantes de overlay dinâmico, parecendo que cada sprite do jogo foi desenhado à mão em traços diagonais. As cores são bem vibrantes, o que vai ao encontro da personalidade da Shiona de associar sentimentos a cores primárias, então notam-se cores claras e nítidas no jogo inteiro.

Quanto à trilha sonora... rapaz, essa trilha sonora...!!! A dupla já é bem conhecida nos jogos mais novos da Key: Shinji Orito e Ryou Mizutsuki (Little Busters, Rewrite, e Ryou inclusive trabalhou em Narcissu, VN que já traduzimos!), então pode esperar instrumentos de corda e pianos cheíssimas de emoção, além das músicas de caixinhas de música que sempre me arrepiam só de ouvir. Todas as músicas são muito bem trabalhadas e se encaixam muito bem com as cenas e a atmosfera do jogo.

Animação aqui é praticamente inexistente (qual é, não é nenhum Nekopara da vida pra usar Live2D!), mas as transições e efeitos especiais são bem fluidas graças a Siglus Engine, a engine de VNs da Key pós-Little Busters que conta com interessantes recursos, apesar de não poderem ser explorados num jogo tão curto quanto Harmonia. As expressões das personagens são bem vívidas também, só de vez em quando aparecendo aquela expressão meio desengonçada (como algumas "caretas" dos personagens), mas que dá pra perdoar já que a Itaru Hinoue sempre inclui tais expressões em seus jogos.

Opinião


Se você já jogo *algum* jogo da Key nos últimos anos, sabe que se tratam de nakiges, ou seja, jogos feitos para você chorar. A fórmula é até simples: um começo simples, singelo como quem não quer nada, alguns momentos engraçados e de non-sense, até a história chegar no clímax-super-dramático-cheio-de-tristeza-e-lágrimasMANONÃODÁPRANÃOCHORAR!

O interessante de Harmonia é que, ao contrário de muitos dos jogos anteriores da Key, há poucos momentos em que você realmente vai dar risada. São tempos difíceis para o protagonista, que se esforça em uma jornada introspectiva para redescobrir seus sentimentos enquanto acaba desenvolvendo, aos poucos, um afeto pela Shiona. Sim, o romance aqui é bem tangível (não explícito, viu!) e se desenvolve de uma maneira que aquece o coração.

Sinceramente, achei que teve uma falta de contexto por volta do capítulo 5 no que se refere a isto. É uma cena que seria spoiler *bem pesado* do jogo e por isso não dizer especificamente qual é, mas digamos que é uma parte em que corta o coração e logo depois parece que nada aconteceu. No mínimo estranho, não? Harmonia durante a sua primeira metade é extremamente condizente com suas cenas e pelas ações do protagonista, mais da segunda metade do capítulo 5 em diante, parece que as coisas foram... apressadas demais.

Pode parecer impressão, mas ainda que a segunda metade do jogo tenha momentos inesquecíveis, tanto nas explicações de muitas coisas quanto nos feels passados nos diálogos e flashbacks, algumas partes pareceram acontecer sem muita explicação e sem muita lógica por trás. É bem difícil falar sem estragar a graça do jogo (porque você precisa jogar tendo o mínimo de informação possível do jogo para ter a melhor experiência), mas teve por diversas vezes que fiquei "poxa protagonista, não acredito que você fez isso" ou "cara, mal terminou uma cena triste e já vem outra!".

São meros detalhes diante de uma história meticulosamente construída nos primeiros capítulos, e realmente, depois de muita explicação no capítulo 7, deu pra ver que não foi um mero roteiro superficial para agradar só os fãs da Key que compram os jogos cegamente. A apresentação do jogo é esplêndida, no entanto o final... sei lá, pareceu a segunda metade do anime de Angel Beats tudo de novo (se é que você me entende)!

Para corrigir alguns desses erros, o jogo possui uma espécie de "epílogo", que eu considero como um final feliz para a obra e que realmente alivia muita aflição que eu senti na última meia hora anterior do jogo. Isso acabou dando um gostinho melhor na boca, ainda que com muita coisa sem explicação (até porque se fosse explicar, daria um outro jogo!) e, pra ser sincero, até me agradou mais do que a melancolia do final de Planetarian... e falando nele...


Veredito Final

Pontos Fortes 
      *Visual muito bem trabalhado, com uma paleta de cores agradável e detalhes bem feitos
      *A história é bem envolvente
      *A MÚSICA, CARA, A MÚSICA DESSE JOGO!!
      *Dublagem primorosa
      *Quantidade decente de CGs para uma kinetic novel
      *Tradução para o Inglês muito bem escrita, com mínimos erros
      *Plot twists mais marcantes são *bem* inesperados
      *Explicações do universo do jogo são satisfatórias, na maior parte

 - Pontos Fracos
      *Primeiros capítulos da história pode parecer lento demais até para uma VN
      *Função "skip" de texto só libera após completar o jogo
      *Protagonista toma posturas não muito coerentes com seu perfil ao longo do jogo
      *A sequência de cenas no final do jogo pareceu forçado, incluindo o "final bom" do jogo

Nota: 8,5/10

Opinião final: Se você já jogou Planetarian, seja pela nossa tradução ou pela versão da Steam em inglês, vai notar que há muitos pontos parecidos entre os jogos: ambos são kinetic novels, ambos se passam num cenário apocalíptico, envolvem robôs humanóides, tem um final que corta o coração e ainda é aliado a uma música incrivelmente triste e emocionante. Não só isso, mas também dá valiosas lições de vida, sobre como ajudar uma pessoa não é simplesmente fazer tudo por ela, ou que muitas vezes precisamos tomar decisões difíceis para proteger quem amamos, ou que devemos dar importância para quem está conosco e, por fim, saber aceitar que certas coisas estão fora do nosso alcance.

A jornada é inesquecível, não tenha dúvidas. É um daqueles jogos que você não quer que termine nunca, por mais que saiba que uma hora vai terminar. O jogo em si é uma obra de arte em diversas frentes, seja pelo design, seja pelas músicas, seja pelo roteiro, e até mesmo pela filosofia de cada personagem do jogo.

A história é muito bem explicada mesmo diante da correria que são as últimas cenas do jogo, mas é um jogo que se destaca além de suas falhas e é uma ótima leitura.


Vale a pena comprar esse jogo?

Muita gente se acanha quando chegamos nesse ponto, ainda mais quando se tratam de kinetic novels cujo final é sempre o mesmo. Afinal, por que comprar um jogo que é sempre o mesmo, que você não pode mudar o rumo ou o final em nenhum ponto da história? Bom, eu poderia revidar essa pergunta para centenas de joguinhos populares em que o jogador não influencia em nada no final do jogo, mas vou responder mesmo assim.

Imagina que esse jogo seja um livro. Estático, sempre exibindo as mesmas coisas, sempre com as mesmas falas, sempre tocando as mesmas músicas... Mas, o que realmente importa disso tudo? OS recursos do próprio jogo, ou a emoção de jogá-lo pela primeira vez? O contato inicial com as reviravoltas? As emoções que você acaba desenvolvendo ao ler simples palavras na tela de seu computador? São só palavras, não são? Mas, ainda assim, você sente compaixão pelos personagens, sente alegria quando as coisas dão certo, sente triste quando o protagonista passa por um momento difícil...
...
... E daí você se identifica com ele em alguns pontos. Reconhece que algumas perguntas do protagonista você já fez em algum ponto da vida mas nunca obteve uma resposta séria. Associa os acontecimentos a experiências passadas da sua vida e de como foi difícil superá-las.

Acredite, não é todo jogo que consegue ter tanto impacto como Harmonia, assim como demais VNs bem escritas. Não importa se o jogo custa 20 reais e você só vai ler uma vez. Eu não me arrependo em nada de pegar esse jogo no lançamento porque o tanto que aprendi, vivi e percebi durante a jogatina valeu muito mais que uma nota dourada com o desenho de uma onça.

Por isso, não fique apreensivo só por eu ter dado 8,5 no jogo. É um jogão! Com certeza recomendo a compra, contanto que você consiga suportar alguns errinhos aqui e algumas falhas do protagonista ali. E se for sua primeira VN, sinta-se à vontade e prepare-se para uma deleitosa leitura!

"Ai, minha coluna!!!"
E é isso, gente! Espero que vocês tenham gostado. E antes que venham comentar "E a tradução de Little Busters?" ou "Você vai voltar a postar no blog todas as semanas como antes?" ou outras perguntas do gênero, relaxe que tudo virá em boa hora. Pretendo fazer mais postagens no blog, sim, mas por ora não irei me comprometer já que ainda tenho coisas cruciais na minha vida para resolver já que estou me formando neste ano da faculdade e estou atualmente numa enorme transição na minha vida.

O que posso adiantar é que: até o final do ano, teremos uma surpresinha para vocês! Por isso, fique ligado, curta nossa página do Face, e sinta-se à vontade para deixar seu comentário abaixo.

Fui!
Out.