Faz um tempinho desde que eu postei a análise de 999: Nine Hours, Nine Persons, Nine Doors, uma visual novel do fabuloso Kotaro Uchikoshi, ninguém menos que o criador original das melhores produções da já falecida KID, como Ever 17: The Out of Infinity (que eu ainda tenho que postar uma análise pra vocês!), Never 7 e Remember 11, os aclamados jogos da série infinity que marcaram a vida de todos que já jogaram esses jogos. Produzida pela Spike Chunsoft, que mesmo sendo um estúdio relativamente recente por ser uma fusão da Spike (Kurukuru Princess, Danganronpa) e Chunsoft (Kamaitachi no Yoru, 428: Fuusa Sareta Shibuya de), quer provar o seu domínio na produção de visual novels e RPGs para plataformas portáteis atualmente.
Para o caso do jogo em que trataremos nesta análise, Zero Escape: Virtue's Last Reward (ou, em japonês, Kyokugen Dasshutsu ADV Zennin Shibou Desu), trata-se de uma continuação do jogo original, desta vez publicado pela Rising Star Games (Hakuoki) e pela Aksys (Blazblue, Fate/Extra). Disponível apenas para 3DS e Vita, isso pode deixar o jogo pouco acessível para quem ainda não tem bons motivos para investir nesses novos portáteis, mas eu lhe garanto, esse jogo sozinho já foi um bom motivo para mim... e não me arrependo nem um pouco da minha escolha. Aliás, se você é um ávido jogador de visual novels, JRPGs e jogos de aventura em estilo japonês, considero seriamente que você invista num Vita, considerando que o volume de jogos em geral, incluindo VNs, que estão sendo traduzidos para este de uns tempos para cá graças à NIS America, Xseed e da Idea Factory, apenas para citar algumas.
Sim, comprei um Vita só pra esse jogo e como investimento futuro em visual novels, mas... e o jogo? Vale tanto a pena assim? Não seria apenas um mimo exclusivo para os mais adeptos a jogos deste gênero e que o público geral não se interessaria tanto? Bem, isso você descobrirá a seguir!
Após escapar, Sigma e Phi reparam que não estão sós, uma vez que outras sete pessoas também se encontram na mesma situação, aparentemente sem nenhuma ligação entre eles. Após a rápida reunião entre eles, Zero III oficializa que os nove participantes ali reunidos seriam os jogadores de mais um Jogo Nonário, um cujo qual os jogadores devem resolver quebra-cabeças do estranho prédio em que eles se encontram para conseguirem progredir. A inovação desta vez é que, com os itens obtidos desses quebra-cabeças, os membros devem se enfrentar numa forma de votação, cuja qual, dependendo se você e o seu oponente quiser aliar um ao outro ou um tentar trair o primeiro, os jogadores podem ganhar ou perder pontos. Com nove ou mais pontos, o jogador pode sair pela porta de número nove e mandar um beijinho no ombro pros recalcados que vão ficar presos para sempre ali. Mas ao contrário da Mega Sena que ganha com mais ou menos pontos, se um jogador ficar com zero pontos ou pontuação negativa, ele morrerá, sem choro nem vela.
Momentos bizarros assim não são tão raros |
Essa última parte lhe confundiu? Bom, isso é um sinal que você não jogou 999, mas você não precisa temer, uma vez que o jogo, tanto nos diálogos quanto nos documentos secretos que você pode obter dos quebra-cabeças, faz um bom papel em esclarecer e resumir o que ocorreu no jogo anterior (mas ainda recomendo jogar o jogo mesmo, tá? Tem coisa importante que ele não cita), além do que a história de Zero Escape começa num ritmo bem independente do primeiro jogo, apenas referenciando-o mais para o final.
A quatidade de finais ruins, os bad ends, continua alta e chega até a ser frustrante quando o jogo usa técnicas para tender a jogador a escolher uma certa opção e depois o jogador se ferrar por causa disso. Idem para quase todas as rotas que você quiser ser igual aquele personagem fdp e escolher trair a negada pra tentar sair do jogo mais cedo. Chega até a ser um jogo de tentativa e erro até você fazer as escolhas certas para progredir na história do jeito certo, o que pode enfurecer certas pessoas que não tenham tanto tempo ou dedicação para correr por todas as rotas, mas em compensação, alguns bad ends são até necessários para o jogador seguir antes que ele possa seguir a rota certa. Além disso, essa parte de ter que correr por rotas mais chatas para conseguir informações que são usadas em outras rotas principais é uma ideia bem original, mas que cansa o jogador casual que não quer ficar lembrando de tudo que foi dito, muito menos cortar a graça e usar um detonado pra ter essas respostas.
Em contraste à 999, Zero Escape tem o seu visual quase que todo em 3D, o que colabora com alguns "vines" no meio do jogo, trechinhos curtos e animados em certos pontos da narrativa. É difícil acostumar com isso já que algumas vezes chega a ser desconcertante ver um lip sync tão zuado nos personagens ou a falta de CGs no jogo, mas logo você acaba deixando esse ponto de lado. Pelo lado bom, todos os puzzles deste jogo também são tridimensionais, o que dá uma melhor sensação para o jogador ao resolver os problemas que o jogo impõe.
Os controles sofreram umas boas inovações, não simplesmente servindo para passar diálogos, mas também com botões de atalho para acessar qualquer opção diretamente da tela de jogo ao invés de ter que abrir menus, o que eu achei bem cômodo. O jogo até tenta usar o acelerômetro do Vita em certos minigames, mas acabou saindo de um jeito tão ridículo que preferi usar os botões convencionais mesmo. No entanto, o touch screen capacitivo ajudou bastante nas horas em que tive que acessar o "memo" do jogo para fazer anotações relevantes, o que equilibra com a versão do 3DS que dá pra escrever com a stylus, já que é bem fácil escrever ou apagar o que precisa rapidamente.
Na parte sonora, o jogo deixa uma clara tensão correndo pelo jogo inteiro, com composições recheadas de sons metálicos e abusando de efeitos de ecos, o que simboliza músicas de suspense e lugares apertados, algo que serve bem para o título. Não diria que elas são tão bem feitas como outras trilhas sonoras de VNs mais recentes, mas o ritmo irriquieto e a atmosfera que o deixará em alerta constantemente serve ainda mais para deixar o jogador imerso na experiência do jogo.
Vale ressaltar também que, ao contrário de 999, o jogo conta com um extenso trabalho na dublagem dos personagens nas partes que não envolvem quebra-cabeças, contando ainda com nomes de peso na narração, como Omigawa Chiaki (Maka, de Soul Eater), Tamura Yukari (Mine, de Akame ga Kill, e Sakura, de Da Capo) e Daisuke Ono (Kakeru, de 11 Eyes, e Itsuki, de Suzumiya Haruhi no Yuutsu). Pontos extras também pra minha seiyuu favorita, Mamiko Noto, que faz a voz da Luna neste jogo. Por que é a minha favorita? Ela é quem faz as vozes divinas da Feel, de No Game No Life, e da Ichinose Kotomi, de Clannad. Não me leve a mal, Hanazawa Kana, mas Kotomi foi meu primeiro amor em animes <3.
Os controles sofreram umas boas inovações, não simplesmente servindo para passar diálogos, mas também com botões de atalho para acessar qualquer opção diretamente da tela de jogo ao invés de ter que abrir menus, o que eu achei bem cômodo. O jogo até tenta usar o acelerômetro do Vita em certos minigames, mas acabou saindo de um jeito tão ridículo que preferi usar os botões convencionais mesmo. No entanto, o touch screen capacitivo ajudou bastante nas horas em que tive que acessar o "memo" do jogo para fazer anotações relevantes, o que equilibra com a versão do 3DS que dá pra escrever com a stylus, já que é bem fácil escrever ou apagar o que precisa rapidamente.
Na parte sonora, o jogo deixa uma clara tensão correndo pelo jogo inteiro, com composições recheadas de sons metálicos e abusando de efeitos de ecos, o que simboliza músicas de suspense e lugares apertados, algo que serve bem para o título. Não diria que elas são tão bem feitas como outras trilhas sonoras de VNs mais recentes, mas o ritmo irriquieto e a atmosfera que o deixará em alerta constantemente serve ainda mais para deixar o jogador imerso na experiência do jogo.
Vale ressaltar também que, ao contrário de 999, o jogo conta com um extenso trabalho na dublagem dos personagens nas partes que não envolvem quebra-cabeças, contando ainda com nomes de peso na narração, como Omigawa Chiaki (Maka, de Soul Eater), Tamura Yukari (Mine, de Akame ga Kill, e Sakura, de Da Capo) e Daisuke Ono (Kakeru, de 11 Eyes, e Itsuki, de Suzumiya Haruhi no Yuutsu). Pontos extras também pra minha seiyuu favorita, Mamiko Noto, que faz a voz da Luna neste jogo. Por que é a minha favorita? Ela é quem faz as vozes divinas da Feel, de No Game No Life, e da Ichinose Kotomi, de Clannad. Não me leve a mal, Hanazawa Kana, mas Kotomi foi meu primeiro amor em animes <3.
Tá, minha opinião pode ser (bem) tendenciosa, uma vez que Zero Escape cai como uma luva no gênero de jogo que eu mais gosto, acertando em todos os pontos mais relevantes. Histórias com toques de ficção, foco maior no desenvolver da plot e jeitos inéditos de progredir no jogo ao invés de simplesmente fazer as escolhas certas são todos fatores que me fazem as separar das VNs "clássicas", que têm sua fórmula imutável desde o seu surgimento, além de ter uma interação bem maior ao jogador, que não simplesmente fica apertando "X" toda hora pra passar os diálogos para usar a cabeça nos puzzles e mini-games.
Mesmo tendo jogado o jogo anterior, a vibe de Zero Escape é diferente por terem regras diferentes. Não basta simplesmente combinar pessoas diferentes para passar por portas diferentes, mas as ações que você toma nas votações dentro das Ambidex Rooms vai influenciar no seu parceiro da próxima parte do jogo, o que abre outras possibilidades, e cá entre nós, tem bastante coisa que muda entre as rotas que você pega. Pode todo mundo morrer, ou todo (quase) todo mundo se salvar. Pode ser que você consiga sair do jogo inteiro com sua parceira ou acabar ficando preso para sempre, mas ainda não necessariamente terminando em um final ruim. Agora, caso você queira respostas para as perguntas mais pertinentes como "Pra quê esse jogo foi criado?", "Quem é o verdadeiro Zero III?" ou "Quem caralhos era a mulher que morre no começo do jogo?", daí só a rota verdadeira poderá lhe esclarecer. E pra chegar até ela, tem muito chão, tendo que completar pelo menos 10 outras rotas para conseguir ter todas as informações para terminá-la.
... Calma, não é o que você está pensando... |
Infelizmente, ainda há erros que não dá pra ignorar. Os gráficos em 3D são bons para os puzzles, mas chega a ser estranho na parte da narrativa, ainda mais contando com um lip sync meia boca, o que me fez sentir falta dos gráficos em 2D de 999. Conseguir os documentos secretos do jogo também são desafiadores, mas uns chegam até a ser injustamente difíceis, como "Ter que ler um código de cabeça para baixo" ou "Fazer a superposição de dois mapas para revelar uma senha", e como são coisas opcionais do jogo, nem mudando pro nível mel na chupeta vai ajudar. Além disso, a quantidade de bad ends também aumentou neste jogo, e isso passa até a ser mais injusto que no jogo anterior, uma vez que certos personagens podem fazer você tender a tomar a decisão errada, ou mesmo o jogo ferrar o personagem principal independente da escolha que ele faça (sim, tem uma rota assim!), o que é frustrante para o jogador que simplesmente quer alcançar a rota verdadeira, mas que deve aturar com horas e horas enfrentando bad ends "necessários" para isso.
A tradução para o inglês impressionou também, ainda mais com a proeza ao adaptar coisas aparentemente inadaptáveis entre as línguas, como a terminação "-usa" que o Zero III tem mania de falar, ou quando Sigma fala vários "nya" quando se trata de gatos, ou até mesmo ao encontrar um robô que fala em dialeto Kansai que acaba sendo traduzido com algo caipira (o que é meio preconceituoso, mas acabou ficando legal). Por incrível que pareça, mesmo não sendo uma das traduções mais fiéis de uma VN (como a de Persona 3 e 4), é uma tradução bem envolvente e até engraçada em alguns pontos, mesmo o jogo em si sendo sério na sua grande parte. Junte a isso com vários fatos interessantes, analogias, teorias científicas (já ouviu falar no Gato de Schrödinger? Ou o que é antimatéria?) e uma história que vai ficando cada vez mais complexa e viciante, e pronto, tá aí a receita para um jogo inesquecível.
- Pontos Fortes
*Narrativa e história excepcionais
*Puzzles desafiadores
*Puzzles desafiadores
*Conta com dubladores de peso
*Funções inovadoras para visual novels
*Volume de informações e fatos interessantes
*Qualidade da tradução para o inglês
*Extremamente viciante e impressionante durante suas últimas horas de jogo
*Funções inovadoras para visual novels
*Volume de informações e fatos interessantes
*Qualidade da tradução para o inglês
*Extremamente viciante e impressionante durante suas últimas horas de jogo
- Pontos Fracos
*Falta da CGs e gráficos em 3D podem incomodar
*Forçar o jogador a completar várias rotas, inclusive bad ends, para progredir
*Inconsistência na dificuldade de certos puzzles (especialmente para conseguir as senhas secretas)
*Não "fecha" a história no seu final verdadeiro, abrindo espaço demais para uma continuação
*Inconsistência na dificuldade de certos puzzles (especialmente para conseguir as senhas secretas)
*Não "fecha" a história no seu final verdadeiro, abrindo espaço demais para uma continuação
Nota: 9,0/10
É um jogo que muitos adjetivos positivos não conseguem capturar, mesmo não sendo a VN mais imersiva que já joguei até agora (até comparando com Danganronpa, já que ele possue um ritmo bem mais digerível e engraçado que Zero Escape). A única coisa que sinceramente me desapontou e me impediu de dar uma nota maior, mais relevante do que os pontos negativos que já citei, é que Zero Escape é uma história "vazia", com um final que atinge o famoso cliffhanger, deixando claro que a história foi escrita para ter uma continuação, mas que teve que terminar aí. Não é por menos que os fãs da série até tentaram convencer o criador a continuar com a produção de um novo jogo com a iniciativa do Operation Bluebird, mas até agora, não houve grandes frutos de sucesso. Com isso, muitas perguntas BEM pertinentes ao universo acabam sem respostas, o que acaba dando a impressão que o jogador gastou horas de jogo em vão.
Isso não tira o prazer do jogo, claro, o que pode servir como base para muitos outros títulos que possam vir no futuro e na vida de quem está aí para justamente explorar novos tipos de jogos e visual novels. A incessante busca pela verdade que acaba por envolver acontecimentos aparentemente sem volta e na esperança que os personagens possam se salvar no maior estilo MacGyver japonês é um conto de tirar o fôlego. Por isso o aviso: cuidado com a sua vida social depois que começar a jogar este jogo, viu!
Vale a pena comprar esse jogo?
Com toda certeza, contanto que você esteja disposto (ou já tenha) um dos portáteis e já tenha alguma experiência em visual novels. Não é o jogo mais simples do gênero, e mesmo tendo uma abordagem diferente que um dating sim, o fluxo de informações pode não agradar quem não gosta de ficar horas e horas na frente de uma tela de LCD/OLED lendo textos e mais textos. Por já ser um jogo antigo, é fácil arranjar uma cópia usada e economizar umas dilmas pela mesma experiência, algo que com certeza pode chamar a atenção também de quem não tenha muito para se jogar atualmente.
Tem um 3DS ao invés de um Vita? Só tome cuidado com a região do cartucho que você for arrumar, mas no mais, não vejo diferença em performance ou no gameplay das duas plataformas, simplesmente escolha o que mais lhe agradar e o que for mais conveniente. Agora, se você não tiver pressa (no sentido de poder esperar uns anos aí), pode economizar um dinheiro aí até o anúncio do terceiro e último jogo da série, que promete fechar tudo bonitinho e não ficar com uma possível ânsia/angústia em um caso de amor com o jogo, mas cuja obra ainda deixa respostas em branco e muitos fatos sem esclarecimento.
Bem, essa foi a nossa análise. Espero que tenham gostado, e se o jogo estiver na promoção mais uma vez, vale a pena dar uma pensada na hora de comprar!
Out.
Ahh Zero Escape... Uma das minha séries favoritas. Lembro que quando peguei o jogo para 3DS no começo do ano passado (na verdade foi um dos primeiros que comprei para o meu portátil) terminei ele em quatro dias! Não achei ele tão difícil como você fala (não joguei no fácil tá? XD) mas talvez seja por que já sou "esperta" para esse tipo de puzzle (jogar Trace Memory e Hotel Dusk faz isso com a gente =p)
ResponderExcluirConcordo em relação ao modelo 3D das personagens, mas ouvi dizer que voltarão com o modelo 2D para o terceiro jogo. Espero que seja verdade.
Esse jogo possui poucas CGs, mas as que tem tbm viu... XD
No mais, estou anciosíssima para o terceiro jogo e espero poder comprar logo que sair. Confio muito que o Kotaro Uchikoshi dê um final digno à essa história!
Hehe, também não tive dificuldade grande nos puzzles, teve alguns que quebrei mesmo a caeça, mas não precisei recorrer a nenhum detonado... e muitas das vezes eu achada primeiro o secreto do que a chave pra sair....
ResponderExcluirTerminei ele hoje... e já to ansioso pelo terceiro game....
E joguei o tempo todo no hard, fiz todos os finais e quando consegui o verdadeiro, consegui de cara a platina :D...
Teve um puzzle q tive q voltar pra pegar arquivos... pois resolvi sem precisar dos arquivos ¬¬ (o da enfermaria, fiz a água com o pó branco e lavei o pano, sem dicas...)