domingo, 10 de fevereiro de 2013

Análise [5]: Edelweiss - A Semi-Jóia Secreta da Overdrive?


Carteira voadora...? Pois é, Edelweiss é cheio de mistérios.
Depois de praticamente 30 horas jogando para conseguir 100% das CGs e completar todas as rotas do jogo, finalmente, a análise definitiva de Edelweiss!

... mas se você não sabe do que estou falando, vamos começar do começo. Edelweiss foi a primeira visual novel produzida pelo estúdio Overdrive, a mesma empresa que fez, mais tarde, Kira*Kira, Deardrops e Dengeki Stryker. A MangaGamer a traduziu para o inglês em 2008 (foi um dos títulos de estréia da empresa). Eu sou um admirador das visual novels da empresa, mas percebi que mal tem gente falando sobre essa visual novel em fórums ou outros blogs especializados, no máximo dando uma pincelada sobre a VN e só. A questão é que... como assim poucas pessoas falam dele? Em várias outras empresas, discute-se bem sobre os trabalhos anteriores dela, como a Key, a AkabeiSoft, KID, Nitroplus e tantas outras. Seria esse jogo tão ruim que merece ser deixado de lado? Ou seria mesmo que o pessoal não deu o jogo a sua devida importância?

Pois bem, se você está curioso também, não tema. Estarei aqui explicando, e você decidirá se o jogo vale tanto a pena assim ou não.

História e Rotas
Pode não ter dezenas de garotas para escolher, mas tem lolis e professoras!
A história de Edelweiss é bem simples. Basicamente, o jogo conta a história de Haruma Kazushi, um estudante do segundo ano do ensino médio que, junto com seus amigos, passou numa prova difícil para ter o privilégio de entrar na Eiden Gakuen, uma escola no meio de uma ilha paradisíaca que originalmente era exclusiva de garotas e que só agora abriu vagas para garotos poderem entrar. Ao chegar, Kazushi e companhia já resolvem aprontar pra caramba na escola e tentar, claro, arranjar alguma garota no meio do caminho. Entretanto, não demora muito para eles descobrirem que a ilha possui alguns segredos, tudo graças à prática da alquimia pelas estudantes e professores, tudo isso em busca do desenvolvimento da chamada Pedra Filosofal, um artefato misterioso que, segundo relatos, pode desafiar as leis da natureza, como poder transformar metais em ouro, regeneração e até reviver os mortos. Além de aproveitar os diversos eventos que ocorrem entre o grupo de amigos do Kazushi e as estudantes do colégio, Kazushi aos poucos ficará envolvido nisso tudo e terá que tomar decisões bem difíceis.

O plot é bom?... olha, se seguisse isso que eu escrevi, seria fodão, mas o jogo esconde várias partes disso no começo, e apenas deixa esse mistério todo para as rotas específicas das personagens. Não que o jogo te deixe entediado enquanto está jogando, mas ele só deixa atenção o suficiente para que você fique pregado no jogo, ocupando você com diversos momentos engraçados e alguns poucos pedaços de mistério.

Sobre as rotas do jogo, temos a common route, 5 rotas específicas e 6 finais diferentes (sendo o último um "Bad End" que chega a ser bem engraçado até, mas que também tem lição de moral). A common route do jogo dura cerca de 10 horas, enquanto cada rota específica dura entre 4 e 5 horas. Chegar nas rotas específicas é ridiculamente fácil, uma vez que, até começarem as férias de verão no jogo, nenhuma das suas escolhas fará importância, e após alguns eventos bem pequenos, basicamente alguma das heroínas principais lhe aproximará pedindo algum favor ou algo que você possa ajudar de alguma forma, e se você escolher sim, você entra na rota dela.

As rotas em si seguem meio que um script: você passa a acompanhar a personagem mais frequentemente, todos fazem rumores do novo casal, eles finalmente se confessam, rola um oba-oba, acontece alguma coisa bem triste ou é revelado outro igualmente triste ou chocante, rola um momento metódico do personagem principal, e então você tem o final da rota. Mesmo seguindo esse padrão, é meio que surpresa o que acontece no meio das rotas. A rota da Ran, por exemplo, parece mais um nukige engraçado, com umas cenas mais dramáticas no final, enquanto a rota da Mizuki tem praticamente de tudo para ser uma rota de nakige fudida, mas que consegue ser a pior rota do jogo mesmo assim. A rota da Mei tem um tanto de suspense e que depois fica triste pra caramba, mas que ainda assim tem um final meio conformista e insatisfatório (tirando o "after story" da rota, que até arrepia), enquanto a rota da Natsume é incrivelmente misteriosa e que tem um bom toque de ação e drama no final... agora, a rota da Haruka eu nem posso dar minha opinião porque esta é a rota que mais vale a pena no jogo inteiro, além de revelar um bocado de coisa que foi apenas pincelado durante o jogo e nas outras rotas.

Traços, Trilha Sonora e Animação
CGs são muito bonitas no jogo. Pena não ter tantas assim na common route...
Os traços da visual novel são... bonitos. Não é nada que se possa comparar com, digamos, ef (minori) e Da Capo II (Circus) que foram lançados no Japão no mesmo ano, mas são traços bem bonitos sim. Os portraits das personagens são bem nítidos e limpos, e as CGs também tiveram um trabalho especial nelas, mesmo não possuindo tantas CGs no decorrer do jogo (a maioria você só vê nas rotas específicas). A dublagem é bem feita, como a grande maioria das VNs por aí, e as vozes se encaixam bem nos perfis das personagens. Todos os personagens do jogo, com exceção do principal, têm vozes.

A trilha sonora, ao mesmo tempo que é boa, também não é nada especial. Ela é o suficiente para fazer você se arrepiar nos momentos-chaves da história, ou para realçar o mistério de alguma cena, ou para dar a impressão que determinado cenário é perigoso e frenético, mas ainda assim não é igual às trilhas sonoras (as dos títulos posteriores da empresa) que dá gosto em ouvir novamente. As músicas com vocais são excelentes graças à MilkTub, além da "mãozinha" de cantores que trabalharam em outras empresas como a Navel (Yuria e Acchorike) e da Circus (yozuca*), e que, lógico, vai fazer você lembrar de Kira*Kira instantaneamente.

A animação é bem mediana, apenas com os portraits das personagens piscando os olhos ou movendo os lábios. As CGs são estáticas e as transições entre cenas não passa de fade-ins e fade-outs.

Opinião
A rota da Haruka: talvez o único motivo que posso pensar para que todos (sem exceção) joguem este jogo. O resto vai depender do seu gosto e paciência.
Olha, muitos podem dizer que a minha opinião será viciada por eu ter comprado o jogo original, mas o meu objetivo é justamente falar para vocês se o jogo vale o dinheiro gasto ou não. Basicamente, é assim: a história no começo não me incentivou quase nada em prosseguir com o jogo. Sabe aquelas visual novels que começam lentas, aparentemente sem história, e só lá pra frente que tem algo de interessante pra acontecer? Pois é, Edelweiss é mais ou menos assim, só que para você perceber que o jogo na verdade tem uma história é bem difícil e demorado, nem sempre cai a ficha no início. A common route só dá alguns "pedaços" de história para você pensar, e ainda assim não parece ser grande coisa. Ao encontrar a Natsume, por exemplo, você acha que é simplesmente uma coincidência, como ocorre em muitos outros jogos, mas só entrando na rota dela que você descobre porque ela aparecia apenas em alguns momentos-chaves ou porque ela odeia a diretora do colégio. Durante a common route, você descobre que a Mei não tinha memórias do seu tempo de faculdade, mas você só descobre o motivo disso (e da verdadeira identidade dela) na rota específica.

Ao invés do jogo dar tudo mastigadinho pra você, estabelecendo claramente quem é quem e porque, ele te incentiva a pensar e raciocinar no decorrer de jogo e notar os pequenos detalhes que o jogo expõe. Vou dar um exemplo: em várias rotas, você vai acabar por ter que procurar a Pedra Filosofal para resolver algum problema de sua namorada, e em todas elas a diretora do colégio aparece misteriosamente com um olhar malígno, dizendo que a pedra é dela por direito e que ela passou décadas por procurá-la... mas por quê? Qual dos motivos está "mais certo" que o outro? Será que vale mesmo a pena investir tanto tempo na procura de algo que talvez nem possa dar o efeito especulado? Quem que tinha descoberto ela pela primeira vez para falar que ela existia na ilha? Por que ela estava na caverna escondida do laboratório de alquimia? Você só poderá responder todas essas perguntas se você completar, no mínimo, 3 rotas do jogo. Do contrário, só se você especular muito, e ainda tem o risco de errar na especulação.

Edelweiss é legal por isso. Por mais que a rota da Haruka seja a que mais responde perguntas do universo do jogo, ainda há várias que não são respondidas, e só jogando essas outras rotas que você descobre. Por mais que você tenha que passar por uma rota da personagem que você não goste ou que ache a rota parada demais, segurar "ctrl" apenas para ver as CGs e eventos mais importantes vai deixar você com ainda mais dúvidas.

Claro, o jogo também tem as suas falhas. Mesmo com sua common route super engraçada, ela não aproveita 100% dos seus scripts e eventos (mesmo já nas rotas específicas), além de que, mesmo zerando tudo, deixa você com certas dúvidas, como de como foi feito o homúnculo da Haruka, ou do porquê dos pais da Haruka nunca aparecerem, ou da falta da procura da Pedra Filosofal na rota da Mei (que fazia bastante sentido), ou do objetivo da avareza da Ran (o motivo ele explica, mas não tem um objetivo fixo naquilo) ou mesmo porque a Mizuki não teve um final feliz quando ela obteve o que precisava. Se o jogo fechasse bonitinho e não enrolasse no começo, seria um jogo para todos jogarem, mas infelizmente, e só por isso, que Edelweiss acabou surpreendendo, tanto no bom sentido por incluir várias rotas boas no jogo, mas também no mau sentido por deixar esses defeitos e revelar a história muito pro final.

... mas ó, não é pra reclamar muito não, pois uma das empresas que deram uma força pro jogo é ninguém menos que a minori (Sakai Nobukazu), cujo produtor supervisou várias visual novels da empresa e até mesmo colaborou com Fate/Stay Night... ô, isso não é pra todos não!

Veredito Final
A rota da Mizuki.... *sigh* pior que tinha tudo pra ser foda.
Resumindo:

 Pontos Fortes 
      *Gráficos bem limpos
      *Personagens bem característicos e que evoluem na história
      *Rotas bem distintas, raramente sendo clichês ou previsíveis
      *Incentiva a completar várias rotas
      *Eventos bem engraçados
      *A rota da Haruka

 - Pontos Fracos
      *Pouca consequência nas escolhas
      *Trilha sonora mediana
      *Poucas CGs
      *Alguns eventos não são bem explicados
      *A rota da Mizuki

Nota: 7,5/10

Opinião final: O jogo é muito bom, mas não o suficiente para ser um que bata de frente com grandes clássicos no cenário de visual novels. Por mais que dê para aturar com a aparente falta de história do jogo e que as rotas específicas dêem grandes lições de moral, ela pode não agradar todos os gostos, especialmente daqueles que só jogaram as visual novels "premium" e querem jogar outro jogo no mesmo nível que, digamos, ef ou Clannad. É uma boa pedida para quem está começando a jogar visual novels agora, e quem sabe, para aqueles que querem se aventurar numa boa (mas não excelente) vn e aprender a reparar em pequenos detalhes e nas poucas referências que o jogo possui. Se está só curioso e quer dar uma jogada rápida pra ver se é bom, jogue a rota da Haruka que você terá a melhor experiência possível do jogo. Agora, se você quer aproveitar o jogo ao máximo, jogue na seguinte ordem:

Ran -> Mei -> Natsume -> Haruka  |  Mizuki
                                                                                                                                            (faça essa rota só se gostar mesmo) 

Vale a pena comprar esse jogo?
Em mídia física, não. Eu tenho por ser fã da Overdrive, mas a menos que você também seja, não recomendo comprar. Por outro lado, se quiser baixar pelo site dela... ainda assim é difícil recomendar. Jogando a demo, você terá uma má impressão do jogo, achando que este não tem história ou que seja simplesmente "uma daquelas" visual novels, entretanto, se recomendasse, ainda seria difícil, pois por mais que o jogo tenha história e várias H-scenes para tentar agradar todos os gostos, você vai meio que decidir entre arcar com o risco de jogar uma VN que você ame, ou que você possa detestar. Por isso, recomendo que compre apenas se for fã da empresa ou caso queira apostar no jogo.

A Natsume também acha que Edelweiss é uma aventura e tanto, mas se fosse só um tiquinho melhor, seria um must-play, sem dúvida... pelo menos a Overdrive fez isso com Kira*Kira, então relaxe!

Eita análise do capeta... bom, mas espero que tenham gostado mesmo assim. Até a próxima análise! ^^
Out.

Um comentário:

  1. Obrigado pela análise, me interecei bastante nessa VN, vou procurar no google e baixar, obrigado pela dica, vou seguir essa ordem de rotas.

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