sábado, 24 de agosto de 2013

Análise [11] - Dangan Ronpa - Porque escola sem mortes, armadilhas e mistérios são para os não-asiáticos

Pode parecer bastante nome, mas você vai lembrá-los por um bom tempo, assim como muitas outras coisas dessa VN.
Sabe aquele jogo que você ouve falar umas poucas vezes, dá uma súbita vontade de jogar, e depois você não consegue mais fazer outra coisa até completá-lo de tão bom que o jogo é? Dangan Ronpa (ou, como vai ser traduzido oficialmente pela NIS America, Trigger Happy Havoc) foi o caso mais recente que me aconteceu isso: muita gente falava bem do anime, assisti os dois primeiros episódios, viciei, e quando descobri que havia uma tradução do jogo original para PSP, não deu outra. Tirei o pó do meu PSP e comecei a jogar o jogo... e cara, como esse jogo te prende.

Uma boa analogia para se usar é o de uma montanha-russa: ela pode começar lenta e dando apenas alguns pequenos sustos no começo (ainda mais pelo fato do anime ser muito fiél aos acontecimentos do jogo, e os acontecimentos são praticamente idênticos, exceto que o jogo é mais detalhado), mas quando a ação toma conta e o carro da montanha-russa começa a descer, ele só ganha velocidade e não para até chegar no final da linha.

E por que o jogo é tão viciante? Bom, vamos falar um pouquinho da história antes disso.

História e Rotas
É bastante texto no jogo, não se engane com a duração na VNDB... simplesmente não dá pra terminar esse jogo pela primeira vez em 30 horas sem pular uma renca de explicação ou pistas importantes...
A história é idêntica ao do anime: 15 estudantes do ensino médio vão parar numa escola muito estranha, a chamada Kibougamine Gakuen, mas esses estudantes não são estudantes comuns, mas sim estudantes super famosos em certas áreas e que marcam suas características, como idols, jogador de beisebol, lutador, shaman, programador, e tantos outros... bem, exceto o protagonista da escola, Naegi Makoto, que não é nada de diferente que o seu protagonista clichezão de visual novels (ele mesmo admite esse fato), e apenas entrou na academia com o título de "Super Hiper Sortudo do Colegial".

Após uns minutos de confusão e breves introduções entre os personagens, o chamado diretor da academia, o Monokuma, explica que os estudantes estarão, desse momento em diante, vivendo os restos das suas vidas na academia, sem qualquer chance de escapar de lá e tendo que obedecer as regras impostas... exceto se o estudante que quiser sair de lá matar um de seus colegas e não ser descoberto. Caso esse estudante seja descoberto, ele é executado na frente de todos os colegas, mas caso não seja, todos os demais morrerão e o culpado verdadeiro escapará da academia ileso.

Para evitar morrer por causa do crime de um de seus colegas, Naegi, assim como os demais estudantes, participa de investigações para coletar pistas e descobrir o verdadeiro culpado, revelando-o no chamado Tribunal de Classe. Além disso, uma das colegas dele, Kirigiri Kyouko, não satisfeita com a sua contenção e com um intelecto mais superior (e mais calculista) que os demais estudantes, além de colaborar com as investigações e revelando pistas cruciais que quase passam desapercebido, ela também quer descobrir o verdadeiro motivo da existência desse jogo sangrento entre estudantes, a identidade do tal diretor e os mistérios que circundam a academia.

O jogo é dividido em 6 casos (cada um terminando com um tribunal de classe), que dura umas 4~6 horas cada um, além de um prólogo e epílogo para a história, que acabam em questão de uma hora mais ou menos. O jogo possui apenas um final, mas algumas escolhas no final do jogo que incitaria uma provável sequência de eventos para um bad end. Com isso dito, não há como evitar os assassinatos ou mudar quem morre em cada caso. Triste? Não, acho que se isso realmente acontecesse, talvez nem caberia o jogo num UMD de PSP, e se um jogo desses fosse lançado pra PS3 ou Xbox asiático, eu iria chorar.

Traços, Trilha Sonora e Animação
Quem será que vai sobreviver? E por quanto tempo?
Os traços dos personagens são mais escuros que os normais, considerando a época que o jogo foi originalmente lançado (2010), e é um tanto difícil de se acostumar caso esteja acostumado com os visuais "bonitinhos" da vns para computador, mas isso não significa que os personagens são desenhados feios ou coisa do tipo (mas se você está acostumado com os olhos "moe" das personagens, vai achar o traço bem peculiar).

A animação é algo bem simples nesse jogo, mas não é algo que eu diria que faz falta. A trilha sonora, por outro lado, igual à trilha sonora do anime, deixa o jogador bem familiarizado com o ambiente do jogo. Não há muitas músicas relaxantes devido ao clima do jogo, mas músicas cheias de suspense e desespero são o que não faltam.

Opinião
Para a nossa alegria, não só lemos textos e mais textos e nos emocionamos pelo Tribunal de Classe apenas com músicas e vozes, mas também temos uma penca de minigames lógicos no meio. Um tiro no peito pra quem dizia que só o DS tinha jogos com minigames desse estilo.
Eu confesso que, assim como os primeiros minutos do primeiro episódio do anime, eu achei o compasso do anime meio devagar e com muita enrolação, e pra colaborar com isso, são poucos os textos com vozes no jogo, e quando elas existem, são apenas algumas frases de efeito do personagem. Entretanto, depois de alguns minutos e das introduções, o conceito do anime é algo bem legal, por mais que seja clichê: sobreviver um ambiente hostil.

Claro, tendo assistido todos os episódios do anime até agora (detalhe: quando escrevi essa análise, o anime ainda não tinha acabado), eu esperava ansiosamente pelo famoso Tribunal de Classe, já que essa parada toda de investigação com julgamento no final é um dos meus gêneros de jogos favoritos (caso ache que eu esteja mentindo, veja minha análise de 999), e confesso que no começo me achei desmotivado a isso, uma vez que o jogo tem bem mais enrolação até acontecer as mortes, e demora pra concluir as investigações e finalmente descer o temido elevador até a corte da academia.

Entretanto, depois que você entra no Tribunal de Classe, não tenha dúvidas que é aí que o jogo brilha em todos os tons e cores possíveis. Pra começar, o tribunal é quase que totalmente em vozes, apenas com os pensamentos do Naegi não sendo pronunciados, o que dá a impressão que você está assistindo um anime bem detalhado e de qualidade sobre o caso em questão. Além disso, nem só de falas exageradas e lógicas incríveis que dificilmente são captadas pelos cérebros com menos raciocínio lógico, pois o julgamento também tem minigames, divididos em 4 categorias: o Non-Stop Debate, onde você tem que achar contradições nas falas dos outros colegas e mostrar provas desta contradição (sendo com uma das pistas que você já coletou ou com fatos que outros colegas falam), Epiphany Anagram, onde você tem que desvendar uma palavra-chave, soletrando-a, Machine-Gun Talk Battle, onde você participa de uma batalha quasi-cômica estilo rítmico para provar que um personagem está errado, mesmo não querendo admitir, e o meu favorito, o Climax Logic, onde você tem que montar um mangázinho (assim como mostra no anime!) sobre como o assassinato ocorreu e deixar claro quem é o verdadeiro vilão da história, dando o golpe final no culpado.

Depois que você completa o primeiro caso do julgamento, além de ver umas execuções bem animescas e exageradas (levemente diferentes dos do anime, uma vez que as execuções do anime foram levemente censuradas e com animação mais fluente), você fica simplesmente vidrado no jogo, e por mais que você já tenha visto as soluções dos casos no anime, as partes de investigação e o próprio tribunal tem partes que o anime não mostra, sempre deixando o jogador nas pontas dos pés antes de simplesmente decorar os contra-argumentos usados no anime. Fora isso, é possível você conversar com os demais estudantes durante o seu tempo livre (sim, no jogo tem!), dando presentes pra ele ou ela e fazendo vocês ficarem mais próximos, e em certos pontos, você até pode ganhar habilidades novas com isso, que vão te ajudar no tribunal, como poder errar mais vezes antes de dar o game over (apesar do jogo ser bem tolerante quanto a isso), atirar mais precisamente ou poder se concentrar (algo que deixa o tempo bem lento para acertar contradições no Non-Stop Debate) por mais tempo e assim por diante, além de, claro, descobrir um pouco mais da história dos personagens.

A partir do final do terceiro caso, o jogo começa a dar várias dicas sutis sobre os mistérios da academia, e daí em diante é que o jogo deslancha de vez. Não só por causa dos casos que são seguidos disso, mas por causa das descobertas e com as ligações que esses fatos vão fazer com as minúscias, o que antes você considera enrolação, do começo do jogo. O excesso de câmeras na academia, a identidade no Monokuma, o motivo do jogo sádico realizado, as fotos misteriosas que o Naegi encontra em algumas partes da academia, quem é o verdadeiro diretor de lá, a habilidade (que eu achei meio óbvio, mas não deixa de ser misterioso no começo) da Kirigiri Kyouko e seu motivo a entrar na academia... tudo isso é explicado da forma mais chocante possível. Coisas que aparentemente não fariam sentido ou que envolveria teorias da conspiração e explicações que transgridem a realidade acabam sendo reveladas e totalmente possíveis, por mais mirabolante e infálivel que possa parecer no começo.

Pode parecer meio óbvio as coisas caso o jogador já tenha assistido o anime por inteiro ou tenha ido ler os mangás e drama cds  da série, mas caso essa seja a sua primeira vez que você tenha contato com a série, ou caso você não tenha chegado nos finalmentes do anime (como essas poucas semanas entre a data que escrevi essa análise e a data que o último episódio do anime vai estrear), pode apostar o quanto você quiser que esse anime vai te impressionar da melhor maneira possível, contanto que você tenha a paciência para chegar até a metade do jogo e goste do estilo do jogo.

Veredito Final
Dica pra quem for jogar: não tenha medo de jogar a primeira vez na dificuldade Malicious... é até mais emocionante assim!
 Pontos Fortes 
      *A história
      *As referências com diversos jogos (não sei se foi a equipe de tradução que as incluiu, mas caiu como uma luva)
      *Investigação com visual novel muito bem integrada
      *Os personagens, peculiares e alguns até cômicos
      *Os tribunais de classe são extremamente divertidos e viciantes
      *Tradução muito bem feita, bem fiél às gírias e jeitos de falar dos personagens no anime
      *O final, claro, tão gratificante quanto as melhores partes do jogo
      *Imenso valor replay, mesmo após zerar o jogo

 - Pontos Fracos
      *Vozes quase que só nos tribunais de classe
      *Traços dos personagens podem não agradar todos os gostos

Nota: 9,5/10

Opinião final: Um dos melhores jogos para se jogar para aposentar o seu PSP, juntamente com uma das melhores traduções de visual novel feito por fãs. Esse jogo pode não parecer, mas ele reflete muito bem a situação dos estudantes para o jogador, ainda mais no final, que o jogador se sente no desespero quase que insolucionável e inevitável dos estudantes (você verá no anime, também).

Eu, por exemplo, deixei o blog de lado por praticamente uma semana de tão viciante que o jogo é, e isso pra não falar das madrugadas viradas para isso, inclusive na última vez que joguei, deixando o jogo de lado só às 8 da manhã do dia seguinte.

Este jogo vale a pena ser jogado por todas as pessoas, otakus ou não, que estão curtindo o anime ou não. Fazia muito tempo desde que joguei um jogo que me deixou tão preso no seu universo e tão surpreso com os raciocínios dos personagens. É aquele jogo que dá vontade instantânea de jogar a continuação, Super Dangan Ronpa 2, mas que infelizmente só está no comecinho da tradução pela Zetsubou Project... bom, já vou arranjar a minha cópia pra esperar a tradução. Enquanto isso, o jeito é vasculhar os demais materiais do universo e aproveitar enquanto eu ainda posso, pois esse é um jogo que, sem sombra de dúvidas, vai deixar uma marca na minha memória e vai se tornar referência em muita coisa daqui em diante, nas próximas análises de visual novels do mesmo gênero, ressaltando a sua incrível história e desfecho.
Essa parte é, fácil, o maior cagaço que eu tive no jogo inteiro, mas não tira o fato que foram muitos nos casos que eu resolvi antes de passar no anime... que foda!
Bom, isso encera esta análise. A gente se vê na próxima, pessoal! o/
Out.

5 comentários:

  1. desculpe eu não pude ler tudo enfim
    sei que é chato mas como vai a tradução de Review?
    Gostei muito da tradução de Shuffle você falou tanto que acabei comprando e falta mais uma rota pra eu terminar, bom isto é tudo.

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    1. Ahn... você quis dizer a tradução de Cross+Channel, certo? Mais detalhes serão postados ainda nessa semana! o/

      Espero que tenha gostado da nossa tradução e do jogo em si ^^

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  2. Eu zerei esse jogo na sexta feira retrasada,me senti da mesma maneira que você

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  3. hahaha acabei assistindo tudo no you tube na época , se tivesse esperado mais =/

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  4. Olá! Achei esse seu review aqui ao procurar por DR no Google :)

    Recomendo a todos que joguem antes de ver o anime... O jogo é muito bem detalhado e rico em explicações, informações e tudo mais, enquanto que o anime, por ter somente 13 episódios, é muito corrido e várias coisas passam batido (pelo menos foi o que eu achei).

    Daí, por ser uma visual novel de mistério, acho que é melhor aproveitá-lo ao máximo no PSP do que pegar a "versão abreviada" que é o anime para só depois tentar jogar no PSP (você já vai saber da história, mistérios e do final, e isso tira boa parte do atrativo do jogo).

    Fiz uma pequena tradução do prólogo do jogo no meu canal do YT, se puder dar uma avaliada, agradeço! http://www.youtube.com/playlist?list=PLbK7iyPMuY0o0zGbnThodyk9WB_Roev8D

    Talvez continue traduzindo, mas por ora a recepção, apesar de boa, ainda não foi "em massa". Mas prometo trazer novidades pra quando acabar o anime :)

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