quinta-feira, 12 de setembro de 2013

VictorLighty Reviews: Persona 4 Golden

É tempo de review, e nada de Out por hoje: essa postagem é de autoria do seu caro membro da ZF Translations, VictorLighty! Alguns de vocês talvez me conheçam pelo meu review de Rewrite que postei na Zero Force faz alguns bons meses, enquanto para outros essa é provavelmente a primeira postagem minha que vocês estão lendo. Seja como for, vamos nessa sem mais delongas!

A análise em questão é de um jogo (ou pelo menos, a versão de um jogo) que vossa senhoria e líder onipotente Out-sama provavelmente nem sequer cogita  jogar tão cedo por não possuir os artifícios necessários para a sua jogatina, um jogo que provavelmente muitos de vocês conhecem, embora ao mesmo tempo não tenham tido a oportunidade de jogar a sua versão mais nova e um jogo de uma das empresas de RPG mais renomadas do Oriente (não, não estou falando da Square): trata-se de Persona 4 Golden, o recente remake do famoso RPG-de-80-horas da empresa Atlus! Por mais que muitos de vocês já tenham tido algum contato anterior com a dona da franquia Shin Megami Tensei, eu por outro lado nunca sequer tinha ouvido falar dela diretamente até bem recentemente. Confissão bem "poser" para um gamer, mas anyway, o que eu quero dizer com isso é que Persona 4 Golden foi o meu primeiro contato não só com a série Persona, mas com qualquer RPG da Atlus também. Logo, tive o prazer de jogar P4G de uma maneira "virgem" e pura: sem influências nem expectativas por parte da empresa e nem comparações com os outros jogos anteriores da franquia. Obviamente, isso teve o seu lado positivo e o seu lado negativo, mas ainda assim foi a melhor forma de avaliar o jogo pelo o que ele é de verdade, e não pelo o que ele deveria ser. Com isso dado por entendido, vamos prosseguir com a análise!


                          A nova tela-título, totalmente animada. Até que é bem estilosa!


Persona 4 Golden é um remake para PS Vita de Persona 4. O jogo original foi lançado em 2008 para o finado console PS2 e se trata de um RPG "Dungeon Crawler" com bastante ênfase no enredo. O jogo também possui um sistema de coleção de criaturas no estilo de Pokémon, o que garante (ainda mais) horas extras para aqueles que possuem a frase "temos que pegar" como lema. Por ser o remake de um jogo de um console que mal conseguia rodar Just Cause direito (não desmerecendo o sucesso do PS2, mas convenhamos que o hardware dele não era lá essas coisas), uma boa parcela dos gráficos foram completamente refeitos e/ou otimizados para rodar em maior resolução, além de ter uma penca de cenas adicionais que com certeza irão satisfazer os fãs da série. O seu gameplay original foi refinado, rebalanceado e de certa forma até facilitado para que jogadores de primeira viagem não ficassem muito frustrados, enquanto a trilha sonora ficou praticamente intocada (com exceção da adição de algumas músicas novas, como o novo tema de batalha "Time to Make History"). Como mencionado anteriormente, Persona 4 Golden é uma aventura gigantesca, durando cerca que 70 horas só na primeira playthrough, então é bom estar preparado para recarregar o seu PS Vita com frequência.

Bem, eu conhecí Persona 4 Golden meio que por acaso. Amigos meus sempre viviam me falando dessa série, mas só fui ter o meu primeiro contato com o universo do jogo com o lançamento de Persona 4 Arena (jogo de luta lançado pela ArcSystemWorks, as mentes por trás de BlazBlue e Guilty Gear, com os personagens do jogo da Atlus). Depois de literalmente, jogar um campeonato online do jogo no lugar de minha amiga (e perder), eu comecei a me aprofundar nas mecânicas do jogo e entender como funcionava todo o sistema de Persona. Afinal, sou um bom amante de jogos de luta 2D e um fã da ArcSystem, então era mais do que obrigação minha aprender a jogar P4A e chutar a bunda de todos os meus amigos! Depois de me divertir horas com todos os modos do fighting game (inclusive o Network Mode - cheguei a alcançar o Rank C!), só me faltava conferir o Story Mode e entender o porque de garotos e garotas do ensino médio estarem se matando em um mundo bizarro. Antes que pudesse sequer entrar na opção, fui recomendado (leia-se "forçado") a jogar o jogo original antes de alguma forma. Por ter um PS Vita, achei melhor esperar até o lançamento de Golden, que já estava previsto. Só recentemente que pude enfim adquirir a minha cópia do jogo, porém. A princípio, estava meio receoso, afinal sempre fui um lixo em jogos de estratégia e a minha última e única experiência com um dungeon crawler me fez apanhar dos oponentes feito uma criançinha até eu finalmente entender como o jogo funciona (no caso, foi Pokémon Mystery Dungeon BRT). Por outro lado, estava curioso demais para conhecer a história por trás de Arena, então resolví ir mesmo atrás de Golden. Depois de inserir o cartucho no PSVita, ser recebido por uma introdução bem alegre e escolher a dificuldade Normal, finalmente começou a minha longa jornada atrás da verdade.

A história do jogo, analizando de uma forma fria, é até bem simples: você assume o controle de <insira nome de sua preferência aqui>, jovem colegial que vai passar um ano morando com o tio na cidade de Inaba. Logo após a sua chegada, casos de assasinatos bizarros começam a aconteçer um após o outro - casos que viriam a afetar diretamente a vida de <insira nome de sua preferência aqui> posteriormente. Após se matricular no seu novo colégio e fazer amizade com um grupo excêntrico de personagens, você escuta sobre um rumor conhecido como o Canal da Meia Noite (ou Mayonaka TV), que envolve olhar diretamente para a tela da sua TV à meia noite de um dia chuvoso para ver "a imagem de sua alma gêmea". O rumor é logo dado como verdadeiro por <insira nome de sua preferência aqui> , e mais: a pessoa que apareceu na televisão foi assasinada logo no dia seguinte. Você e seus amigos da escola deduzem que quem aparece na tela da TV durante o Canal da Meia Noite é o próximo alvo do assassino, e após a descoberta de um mundo bizarro existente dentro das televisões, o grupo de estudantes percebem que tudo está relacionado e resolvem desmascarar a identidade do assassino. Conforme a história avança, mais personagens vão aparecendo para se juntar ao grupo original e diversas reviravoltas ocorrem no enredo. É uma história que apesar de simples, funciona muito bem e deixa o jogador querendo saber o que vai acontecer depois devido a todo o mistério por trás da identidade do assasino. Os personagens do jogo também são extremamente carismáticos e ajudam a prender o jogador na telinha do Vita: todos eles possuem personalidades fortes e hábitos marcantes, além de serem agraciados com uma (para a minha surpresa) EXCELENTE dublagem em Inglês, que com certeza serve como substituta para as vozes originais japonesas.


 Todos preparados para um All-Out Attack - e pela primeira vez na história de Persona 4, com o apoio de Risette!  

O gameplay do jogo é totalmente J-RPG-Dungeon-Crawler. Metade do tempo de jogo é dado por diálogos e cenas que contam a história do jogo. É realmente uma quantidade absurda de cenas, dado que o jogo dura em cerca de 70 horas, tanto que alguns jogadores costumam comparar Persona 4 com uma visual novel. Logo, é capaz de algumas pessoas se afastarem do jogo justamente por causa disso e irem atrás de outros RPGs que já vão direto ao ponto, como FFVII, mas posso garantir que se você tiver o mínimo de paciência, vai acabar gostando de todo esse bate-papo. A outra metade do tempo de jogo é investida na parte em que você realmente joga alguma coisa - nesse caso, um ótimo jogo dungeon crawler. Você possui uma cidade central que serve como hub do jogo. Nela, há tudo o que você precisa para se preparar para as dungeons: lojas de equipamentos e suplementos, sua cama (para recuperar HP/SP), Save Points e todos os seus amigos que irão lhe conceder bônus de experência caso você dedique o seu tempo com eles. Há uma pequena sacada: cada ação que o jogador faz custa um dia inteiro do seu calendário, sendo que há um certo limite de tempo que o jogador pode usar para ficar na hub antes de ir pra dungeon. Em outras palavras, você possui um número X de dias para invadir a dungeon ou se preparar. Caso o jogador não consiga terminar a dungeon nesse limite de tempo, é Game Over na hora. Por mais assustador que isso possa parecer, o jogo é bem "carinhoso" com você e sempre te avisa repetidas vezes quando os seus dias restantes estiverem acabando. Dentro das dungeons, é o clássico esquema do gênero de jogo: calabouços com mapas de andares gerados aleatoriamente, cheios de inimigos visíveis e tesouros não-tão-escondidos. O objetivo passa a ser chegar no último andar e enfrentar um chefe para assim completar a dungeon - mas é claro que isso não pode ser feito sem antes matar muitos inimigos no caminho para subir de nível. O grande dilema é o fato de itens de recuperação de SP (pontos necessários para se utilizarem Skills, ou magias) serem bem escassos, então por mais que você mate 5000 monstros e chegar no nível "Deus Grego Onipotente", uma hora seu SP vai acabar e você terá dificuldades na hora de enfrentar o chefe, então é necessário dosar o seu tempo upando para não se ferrar depois na batalha contra o chefe da fase. Mas agora... PORQUE DIABOS VOCÊ LEVA GAME OVER AUTOMÁTICO SE O PROTAGONISTA MORRER, MESMO SE OS OUTROS MEMBROS DA PARTY CONTINUAREM VIVOS?!? Sério, por mais que eu tivesse me acostumado com isso lá pro final do jogo, essa mecância gerou frustrações desnecessárias em muitos momentos das primeiras dungeons: aconteceu uma vez de eu ser atingido por um golpe de 1-hit kill e morrer na hora. Por mais que os membros da party estivesse vivos e cheios de Revival Beads, de nada adiantou: foi Game Over e não havia nada que eu podia fazer a respeito. Nada a dizer, a não ser gritar "PORR@" bem alto.

Os gráficos do jogo são razoáveis: ainda que refeitos para o PS Vita e com as cores (bem) mais vibrantes, é totalmente perceptível que se trata de um jogo mais antigo para PS2. A cidade de Inaba realmente parece uma típica vila rural japonesa e provavelmente lembrará você de alguns animes que já assistiu. Os modelos in-game dos personagens são meio deformados (não tão deformados quanto Cloud e sua turma de Playmobil em FVII, porém) , lembrando um pouco alguns RPGs de antigamente. Estiloso. Infelimente o mesmo não pode ser dito quanto as dungeons: por serem geradas aleatoriamente, muitas vezes você verá o mesmo padrão de textura de chão, parede e teto se repetindo. Por
 dez andares. Tirando algumas raras exceções, como o calabouço da Naoto, todas as dungeons possuem gráficos bem genéricos, o que chega a cansar a vista depois de duas horas matando Mushas para subir de nível. Já a trilha sonora de Persona 4 é algo bem controverso: ou você ama ou você odeia. Praticamente todas as faixas são compostas por músicas animadas de estilo pop ou pop-rock cantadas em inglês por uma cantora japonesa. Por um lado, esse estilo de música dá um ar bem único e diferenciado ao jogo todo. Por outro, tenho certeza de que há pessoas que prefeririam jogar sem trilha sonora alguma. Eu não cheguei a me incomodar com as faixas - pelo contrário, cantarolei muitas vezes "Reach Out to the Truth" e "Time to Make History" durante as minhas jogatinas! Destaque para as três versões de "I'll Face Myself" (mesma música, mas cada versão é tocada com instumentos diferentes e em um tempo diferente, passando assim emoções variadas ao jogador) e à música da batalha final, The Genesis (por ser uma composição orquestrada que faz total contraste com toda a OST do jogo - mas que ainda assim trás algo bem familiar nas suas notas).


                                                Marie, a tsundere que faltava no jogo.

Mas vocês, fãs de carteirinha da Atlus, da série Shin Megami Tensei e/ou de Persona em sí já sabiam de tudo isso, não é mesmo? Bem, então vamos falar das novidades, dos extras, daquilo que deixa o jogo "dourado"! Bem, pra começar podemos falar dos gráficos: diversos cenários foram refeitos do zero para se adequarem aos padrões da geração atual: maior campo de visibilidade, mais detalhes e texturas em maior resolução, etc.. A dublagem recebeu algumas modificações também: Chie Satonaka e Teddie "Da Ladiesman" receberam vozes completamente novas que, apesar de serem bem diferentes de suas dublagens originais, definitivamente são mais próximas de suas contraparte japonesas. Posso comentar que sou apaixonado pela dublagem nova da Chie, principalmente nos seus momentos mais engraçados -q. Quanto a parte de gameplay, agora existe a opção de recomeçar o jogo no andar em que você morreu na dungeon ao invés de voltar para o último save (graças a Izanagi). Além disso, você pode escolher novas roupas para os seus membros de equipe usarem nos calabouços (muitas vezes gerando comentários hilários dos meus membros de equipe) e o Shuffle Time que ocorria no final das batalhas foi totalmente reformulado, com cartas que aumentam os atributos do seu Persona ativado e afins. Isso, somado à reintrodução dos Skill Cards (itens que ensinam golpes novos aos seus Personas; pense nas TMs de Pokémon), permitem que você complete o jogo sem ter que realizar uma única fusão - eu mesmo realizei a façanha de completar o jogo só com o meu primeiro Izanagi (apelidado de "Izanagi Bombado", devido às suas skills foderosas), algo quase impossível de se fazer no Persona 4 original! Também há dois novos social links a se fazer: um do detetive atrapalhado Adachi (Jester Arcana) e outro de uma personagem completamente nova, Marie (Aeon Arcana). Ambos possuem benefícios exclusivos, como uma nova dungeon, um True Endind extendido ou um final completamente novo, além de claro, abrigarem uma lista de novos Personas de suas respectivas Arcanas. Mas não pense que esses novos Social Links serão as únicas coisas novas a ocupar os seus dias! Agora, você e todos os seus amigos possuem scooters, o que permite vocês a acessarem a cidade de Okina e a praia Shichiri a qualquer momento do jogo. Novas lojas, novos peixes a se pescar e novos eventos extremamente engraçados o esperam nesses locais! Falando em novos eventos, praticamente todos os time skips da versão original de Persona 4 agora são jogáveis e preenchidos com eventos e situações novas. Dessa vez você vai poder vivenciar as aventuras no resort de Ski durante as férias de inverno, ajudar Kanji a recuperar o seu calção na praia e muito mais!

Em resumo, posso concluir que Persona 4 Golden é um ótimo jogo em praticamente todos os aspectos. Sua narrativa interessante e seu gameplay sólido me prenderam até o finalzinho, e por mais que eu tenha passado por alguns pequenos momentos frustrantes nem tenha gostado de exatamente todas as minhas horas de grinding, a minha experiência com Persona 4 Golden foi majoritariamente boa. P4G é um dos jogos da série mais acessíveis a novos jogadores, então posso recomendá-lo totalmente para quem nunca sequer ouviu o nome "Velvet Room" na vida. Da mesma forma, posso recomendá-lo também à aqueles que já concluiram o jogo original tantas vezes, por possuir MUITO conteúdo adicional e ter uns twists no gameplay. Persona 4 Golden era o RPG que faltava para o PS Vita e definitivamente é um jogo obrigatório para donos do sistema.


Gráficos: 8
Som: 9,5
Roteiro: 10
Replay: 9,5

Nota Final: 9




Agora, posso dizer que estou mais do que preparado para partir para o Story Mode de P4Arena, e de quebra, ainda vivenciei uma história inesquecível no processo! xD



...ou não. Que tal um Persona 3 FES antes?


                                                                                                                                   VictorLighty

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